domingo, 16 de fevereiro de 2014

Uma semana pra me ambientar

Quando penso nas experiências vividas na primeira semana aqui em PAP, são tantos assuntos diferentes, tantas coisas novas acontecendo. Então vou tentar fazer um resumo.

Abrindo uma conta bancária
Na segunda-feira minha primeira tarefa foi ir ao banco abrir uma conta para poder receber minha bolsa voluntário. O primeiro choque foi que os documentos do banco estavam todos em francês, eu até tentei entender o que os papéis diziam mas não capturei nada. Aí veio a parte mais engraçada, eu estava esperando que me falassem que ia receber um cartão magnético em X dias, mas eu recebi uma caderneta de poupança daquelas que você leva ao banco e eles anotam seu saldo e quando vc faz saque eles vao anotando as transferências nela. Eu não via isso desde que tive minha primeira conta poupança no Besc lá pelos idos dos anos 90. 



Eu confesso que fiquei entre o choque e a raiva quando recebi a cadernetinha... Ainda não aceitei isso muito bem, eu que gosto tanto de fazer tudo pelo site do banco, fazer compras online... 


Diversidade de culturas
Algo que me divertiu durante a semana foram os contatos com pessoas de inúmeros países, uma coreana, um suíço, uma americana, um burundiano, um nigeriano, uma australiana, uma russa e inúmeros sul-americanos... enfim, são tantas nacionalidades e culturas em um mesmo lugar. Tantos idiomas sendo falados, sendo que muitos nem consigo entender. 
Esta questão do contato multicultural por si só já está sendo uma experiência incrível. 
Outra peculiaridade de estar na missão da ONU é que as pessoas vão e vem o tempo todo, algums vão embora, outros apenas de férias. Uns chegam de visita familiar, e assim você começa a receber pequenos presentes que são muito valiosos por serem uma pequene mostra de um pedacinho do mundo que está bem longe daqui. 
Assim, recebi de "presente" algumas balas e doces vindos das Filipinas, Chocolates e um imã trazidos da Rússia por uma colega que voltou de férias e uma lata de calda de Maple de um policial canadense que vai embora na próxima semana. São todas pequenas coisas mas me fizeram ter uma primeira semana mais feliz. 





Alimentação
Comida é um assunto que pra mim tem sido mais ou menos tranquilo até o momento. No dia-a-dia o restaurante que fui durante a semana sempre tem arroz, legumes, feijão algumas vezes e carnes (frango, porco ou peixe). O tempero achei razoável, nem bom demais nem ruim. Sinto falta de ter mais saladas nos restaurantes e mais frutas (especialmente com preços mais acessíveis, pois um pacote de uvas por 15 dolares é muito caro).


Além disso eu cozinhei umas coisas aqui mesmo, ontem fui no mercado e comprei uma carne então fiz uma comidinha que incluiu arroz de novo, eheheh  Vou ter q começar a correr bem mais que trinta minutos por dia pra manter a forma desse jeito!



Hoje fui a um restaurante que serve comida local, no geral estava tudo muito bom mas tinha um arroz com um odor horrível (pra mim cheirava a coco de vaca, mas espero que tenha sido apenas o cheiro, ahahaha). Essa era a comida, tem bolinhos de banana no campo superior esquerdo (mas a banana nao é doce), tem carnes no canto superior direito, o arroz fedido no canto esquerdo e uma espécie de polenta bem saborosa no cando inferior direito. 


Aprendendo a dirigir uma caminhonete 4x4 num transito caótico
Durante a semana o Seydou me deu "umas aulas" de direção para que eu faça o teste de direção na próxima semana. Eles fazem um teste de direção com baliza aqui na ONU para que você possa dirigir as caminhonetes. Não vejo a hora de ter minha carteira pra poder me locomover por conta quando precisar, durante a semana fiquei totalmente dependente do Seydou e isso me incomoda, poder ir por conta para alguns lugares vai ser muito bom. Sábado mesmo eu gastei 3 horas do tempo dele pra ir nas lojinhas de coisas pra casa e super mercado aqui perto, quando eu tiver carteira isso não será necessário. 
O transito das ruas que passamos diariamente é realmente caótico, mas como é lento dá pra andar. Sem sinalização sem marcas no chão, cheio de buracos, mas consegui dirigir por aí. Peguei umas ruas de terra e pedras que só mesmo com uma caminhonete grande pra passar. 

Conhecendo a cultura local
Quem leu meus primeiros posts deve estar lembrado que falei que me senti estranha e que ninguém aqui me cumprimentava no primeiro dia. 
Agora entendi o porque, é que nos primeiros dias eu não sabia usar algumas palavras básicas em Francês (e Creole) como "Bonjour", "Bonsoir", "Merci" e "Salut". Depois de uns dias percebi que usando essas palavras mágicas as pessoas se tornavam bem mais simpáticas, principalmente os locais. 
Em um treinamento inicial que recebemos durante a semana nos explicaram que para os haitianos é um sinal de respeito cumprimentar as pessoas em seu idioma, penso que o mesmo sejá válido em qualquer país. 

Aprendendo francês 
Por enquanto só consigo usar algumas palavras em francês pra me comunicar, e isso tem sido uma dificuldade grande pra mim. Ir ao mercado deveria ser algo simples mas não é por que não sou capaz nem de pedir um galão de água sem a ajuda do Seydou.
Assim, decidi me inscrever nas aulas de francês o quanto antes. O Nedi me deu todo apoio e me trouxe os formuláros e calendário de aulas pra me inscrever. 
Na última sexta entrei para a turma de francês beginner, além de me ajudar a desenvolver uma nova habilidade as aulas também são uma boa maneira de conhecer novas pessoas. 

Conhecendo produtos locais
Ontem fui a um mercado aqui perto, o meu colega Seydou me mostrou alguns produtos locais e decidi comprar dois. Uma latinha de sardinhas e um queijo cremoso, na hora da compra nao notei diferente. Quando cheguei em casa notei algo que na minha opinião é engraçado, tem um jogador de futebol com uma camisa do Brasil na embalagem. 
Já me falaram que todo mundo adora futebol aqui, e é possivel ver camisas e bandeiras do Brasil pela rua todos os dias. Mas o queijo me surpreendeu. 


Entre burocracias e dificuldades técnicas
Durante minha primeira semana no trabalho nem consegui acessar o sistema com que vou trabalhar, foi uma dificuldade enorme conseguir meu computador configurado e ainda sai do escritório na sexta sem saber se iria conseguir usá-lo na segunda. Pra mim que estava acostumanda com o ritmo frenético da empresa anterior com seus timecards semanais sem espaço pra horas vazias esta falta do que fazer foi meio estressante, acho que preciso de um tempo pra desacelerar. No geral eu fiquei bem frustrada com o fato de não conseguir o que queria pronto em pouco tempo. 

Visitando a feirinha 
Sábado eu tive um dia meio cheio por que precisava comprar coisas pro cafofo, comida e um galão de água. Quando voltei já eram 1:30h da tarde, até que arrumei tudo e fiz um almoço já eram 3h da tarde e aí eu fiquei com vontade de dormir. 
Mas aí decidi fazer um esforço e caminhar até a feirinha que fica ha uns 500 metros de onde estou e que só ocorre aos sábados, com apoio do exércido brasileiro. 

Até que estava legal, mas o assédio foi forte, todo mundo te chama e quer mostrar algo e vender. Até aí tudo bem eu dizia que só estava vendo e ia embora (algo que me deixou admirada nos haitianos é que eles sabem um pouco de várias linguas pra poder vender pro pessoal), mas aí teve um cara que conseguiu me irritar porque ele queria me vender um quadro a todo custo. Primeiro que não tinha gostado dos quadros que ele estava me oferecendo por 5 ou 10 dolares, e vi um maior que era legal e perguntei quanto era, ele disse 15. Eu tinha apenas 8 dolares comigo por que não tinha saído para comprar, só olhar. Aí falei que não tinha o dinheiro e o cara ficou insistindo, e falou que fazia por 10. "10 dolar, 10 dolar!!" falei que não tinha o dinheiro e ele olhou pra minha cara e falou "você tem sim!! 10 dolar, compra, você tem", nessa hora quis mandar ele praquele lugar! aí eu virei as costas e fui embora, confesso que perdi a vontade de ficar ali.

Mas assim, tirando este stress, achei os artesanatos e as pinturas muito legais, já fiquei afim de sair comprando várias coisas. Com calma vou achar umas coisinhas legais pra colocar no meu cafofo e pra levar pro Brasil. 







Domingo
No meu segundo domingo aqui fui a um hotel perto do acampamento onde vive a maioria dos brasileiros militares que estão aqui como voluntários (militares ou civis). Fui a convite de um colega do escritório que é brasileiro e é bem gente fina (ele tem um jeito sério mas parece ser bem legal).
O Hotel parece bem bacana, tem uns 40 quartos e a maioria dos moradores são pessoas que trabalham na ONU. Foi bacana conhecer o local, conversar com as pessoas e tomar um banho de piscina. 


Um comentário:

  1. Cheguei na sua primeira semana...rs
    Este post achei especialmente interessante porque consegui ter uma noção do Haiti e do dia a dia. Eu li sobre a pessoa "burundiano", de que país seria? (Desculpe minha ignorância).
    E que ótimo receber pequenos presentes do mundo todo, eu tb gosto bastante de trocar lembranças de cidades ao redor do mundo.
    Os produtos locais são gostosos? Você recomenda o queijo com a bandeira do BR?
    Mais uma vez queria dizer que estou muito feliz com a sua alegria em realizar este sonho.
    Parabéns pela coragem e iniciativa.
    Maiuly

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