terça-feira, 16 de setembro de 2014

Haiti – Voluntariado em Organizações Internacionais



Quando descobri o programa de voluntariado da ONU foi uma novidade para mim e creio que para muitos leitores do blog também será.
Sei que uma grande parte das pessoas no Brasil desejam sair do país, seja para estudar um idioma, ganhar dinheiro ou conhecer culturas e lugares diferentes. As alternativas em geral são intercâmbios, programas de imigração ou empregos em multinacionais. Mas para aqueles com espírito altruísta também há a possibilidade de trabalhar como voluntário em algum país menos favorecido.
Antes de chegar no programa de voluntariado da ONU já havia pesquisado alguns programas em que o voluntariado é tratado como um intercâmbio e a pessoa interessada tem que pagar para participar. No meu caso isso se tornava um fator limitante, por que não teria condições de arcar com um programa desses, ao menos não pelo tempo que queria. A ONU, até onde tenho conhecimento, é uma das únicas organizações que remunera seus voluntários e arca com todas suas despesas de viagem entre o país de origem e o de destino. Este foi um fator que contou muito a favor no momento de decidir me mudar para o Haiti como voluntária.
_P1090503
O primeiro passo para aqueles que pensam em seguir este caminho é refletir: "estou disposto a encarar esta experiência?" Esta pergunta é importante porque essa escolha exige sacrifícios, exige algumas vezes passar por situações perigosas ou viver sem nenhum conforto.
Por exemplo, no local em que vivo atualmente tenho água encanada, energia elétrica, segurança 24h, ar condicionado, internet, TV a cabo, academia, um veículo, acesso a médicos e diversas opções de entretenimento e viagens. Pode parecer algo normal para quem vive no Brasil, mas tenho uma amiga aqui em Porto Príncipe que viveu 2 anos em Darfur sem ter sequer água potável e energia elétrica. Parece fácil? Eu não sei se conseguiria encarar essa.
_P1090634
Então é importante pensar bem antes de fazer esta escolha, por que viver em condições precárias, e por vezes arriscadas, não é uma simples aventura. Em algum momento a única coisa que vai te manter motivado é saber que o motivo que te trouxe até este lugar é o desejo de fazer a diferença.
Segundo passo importante é ter um curso superior e saber ao menos um dos idiomas oficiais da ONU (inglês, francês e espanhol), o português também pode ser relevante de acordo com a missão, mas não é suficiente. O curso superior pode variar bastante, há espaço para relações internacionais, ciências política, administração, psicologia, engenharia, arquitetura, saúde, biologia, informática, apenas pra citar a formação de alguns dos meus colegas.
Terceiro passo é fazer seu cadastro no site UNV  e aguardar ser convidado para uma entrevista. O tempo de espera pode variar bastante, pode ser que você receba um convite em três meses ou três anos.
_P1090665
Quarto passo é se preparar para a entrevista, é possível encontrar o roteiro da entrevista para UNVs na internet. Se você responder estas questões antecipadamente isso vai te ajudar a manter a calma na hora da entrevista, mesmo assim esteja preparado para perguntas fora deste roteiro.
É muito importante conhecer os da ONU (Integridade, Profissionalismo e Respeito pela diversidade) e ler com atenção a descrição da vaga que está sendo ofertada. Um fator que contará a seu favor será experiência prévia como voluntário, isso é algo que com certeza irão valorizar. Após a entrevista, que será em inglês ou francês com um grupo de 3 a 4 pessoas, você precisará ter paciência pois podem levar várias semanas para lhe contatar, caso seja escolhido.
Fui escolhido, e agora?
Normalmente o contato para informar que você foi selecionado para a vaga de UNV é feito pelo escritório de Brasília. Eles enviam diversos documentos, como a proposta formal das condições de trabalho, um check list de documentos que você precisa enviar, etc.
_REZ_658lll
No meu caso levou dois meses entre a data em que recebi este email até a data da partida, mas isso pode ser um pouco mais demorado. Tive que fazer diversos exames médicos, enviar copias de documentos que comprovam minha formação, documentos para visto, enfim uma série de requisitos a serem cumpridos.
Quando todos os documentos tiverem sido enviados, o escritório da ONU irá adquirir sua passagem e lhe pagar as despesas pré-viagem.
Assim que você chega ao país de destino você precisa passar por mais alguns processos burocráticos como fazer crachás, abrir contas, fazer cadastros, solicitar contas de email, treinamentos, etc. Após um período de uma semana você deverá estar pronto para começar a trabalhar.
O trabalho desenvolvido pelos UNVs é o mesmo realizado pelos profissionais. Na maioria dos casos são trabalhos de escritório que tem como objetivo dar suporte à missão. Poucos são os casos de pessoas que vão efetivamente para o campo. Além disso, não tenho conhecimento de pessoas que trabalhem diretamente com a população local, é possível que essa seja uma realidade nas agências (UNICEF, PNUD, WFP, etc.). Portanto, se sua expectativa for fazer um trabalho voluntário que atinja diretamente as pessoas, é provável que o programa de voluntários da ONU não seja exatamente para você.
Pelo que disseram meus colegas, um período bom para ser voluntário da ONU é de 1,5 anos a 2,5 anos. Muitos dos que hoje são funcionários já foram voluntários antes, mas isso não garante que você irá se tornar funcionário. Esse processo de seleção é ainda mais rigoroso e exige bastante dedicação (Mais infos sobre o processo aqui.
_REZ_6589
De qualquer forma, iniciar como voluntário é uma ótima maneira de conhecer melhor a organização e até mesmo definir se quer mesmo seguir carreira na dentro dela.
O que existe além das missões da ONU?
Como disse, acredito que não existam muitas organizações por aí que remunerem seus voluntários. Porém, há muitas outras organizações internacionais e de ajuda humanitária que precisam de funcionários para realizar seus projetos. Alguns exemplo são Médicos sem fronteiras, Cruz Vermelha, Anistia Internacional e as diversas agências da ONU. Um excelente site para pesquisar este tipo de vagas é o UNJobs.
sribatt 2

Texto publicado no Blog Brasileiras Pelo Mundo:  http://www.brasileiraspelomundo.com/haiti-voluntariado-em-organizacoes-internacionais-49204997

Spiders and Monkeys

Last week, another racist episode reopened the discussions over racism in Brazil. A 23 year-old-lady was spotted calling the goal keeper Aranha a "monkey" by ESPN’s video cameras. This type of verbal aggression is not news inside and outside Brazilian soccer fields. However, in social media era, it took few hours for outraged web users to find the young woman as a “criminal” and start a “virtual lynching” against her. She was accused of committing a racism crime, which is not correct. According to Brazilian laws she could be indicted for the crime of racial injury, and if she is condemned for that crime in the future, she will be made an example of for the Brazilian population. It will be a clear message that Brazil does not tolerate this kind of behavior. However, to what extent this case help to solve the matter of racism in such a complex society?

First, ever since the end of slavery in 1888 afro-descendants have been treated in a discriminatory manner by the countries’ society. The newly freed slaves were absolutely marginalized and abandoned by the government, which only started looking after this population many years later. Meanwhile, a huge amount of poor European migrants came to the country to replace the slave workforce. This population, on the other hand, was treated in a very different manner. They received jobs, land to cultivate, considered as hard workers, have their own businesses and some even became rich. Thus, the modern social configuration became a pyramid were the old rich families continued dominating money and power, the immigrants formed a medium class together with other middle class that was already in the country and the afro-Brazilians remained marginalized. Even though social mobility is possible in Brazil, this structure did not change much so far. But some progress has been made, like racial quotas and laws against racism.

Even though, the laws against racial offences and racial discrimination are very important, they are fighting symptoms of racism, which are easy to detect and punish. The process of reducing racial inequity is a long-term project, that will impact future generations. Afro-brazilians used to complain that they are not politically represented, don’t get the opportunity to attend universities and don’t get good jobs. In order to address the issue many public politics were put in place in the last ten years, for example the racial quotas for public universities and public jobs.

Virtual lynching - modern world

Lynching is a form of violence used as form of public punition in many places. This is a terrible practice that should be eliminated, but in modern era of internet, mobile phones and social network, it seems that a modern type of lynching is emerging, the “virtual lynching”. This kind of episode, however, is becoming more common every day. Every person that does not comply with the “politically correct” value set can become a target for public aggression. The combination of emotional reactions with the facility to say things over internet starts an instantly reaction that can only reinforce rage and contribute to worsen social conflicts. In the politically correct era, it seems that social debate, which should be a healthy process, is giving place to extremism.  Any person that disagrees with homosexual marriage or that makes the mistake of saying something not well reflected about an ethnic group is considered a monster and accused of hating the referred group. Trying to oppose what is socially acceptable can cause very emotional and violent reactions.Strong emotional reaction is the main driving force of any case of lynching. When a group of outraged people get together the consequences tend to be disastrous, especially if there is a target the group feels capable to attack. The same principle is applied to our modern version, the “virtual lynching”. One person feels angry about a racist statement and believes he/she has the right of being angry and answer the aggressor with even more aggressive words. The outraged person writes a nonsense precipitated message over a social network, some friends immediately start to share that message or write worse ones. The same pattern will be repeated by thousands or millions of people, to the point that the “criminal” is severely punished by making a terrible mistake that will be forgotten as soon as a new scapegoat appears.For the perpetrators of such an “exemplary punishment” the effects of these facts are temporary. Many are just trying to demonstrate how much better than the punished person they are, which is not true. However, for the lynched one, the effects can be devastating. Many lose their friends and jobs, suffer physical aggressions and, sometimes, have to move and try to start over again.