sábado, 8 de fevereiro de 2014

O Nascimento de um blog (e a realização de um sonho)


Entendo que para a maioria das pessoas o nome escolhido para este blog soará muito estranho. Então, para deixar claro desde o início decidi explicar or motivos que me levaram a escolher este nome. Para isso será necessário contar uma estória (talvez um tanto longa, ainda não sei quantas palavras serão necessárias para contá-la), sendo assim, lá vamos nós. 

Nasci em uma família pobre e tive uma infância muito pobre e a falta de recursos de meus pais foi uma marca muito dura em minha vida - acredito que na de minhas irmãs também. Porém, foi por causa desta realidade que cheguei até aqui e posso dizer que até o presente momento tenho sido muito bem sucedida em minha vida, ao menos profissional e financeira (mas é justamente o sentimento de vazio da minha caminhada até aqui que nos trás a este blog). 

Felizmente para mim, minha mãe sempre entendeu que nossa pobreza se devia especialmente à sua pouca educação (e de meu pai também). Seus pais não permitiram a ela estudar por que tinham uma mentalidade antiquada que dizia que uma mulher não precisa de estudo, precisava apenas de um bom marido. Ledo engano... 

Enfim, minha mãe sempre trabalhou duro pra nos sustentar enquanto nos incentivava a estudar e nos ensinava que precisávamos muito do estudo, e que com o estudo conseguiríamos ganhar o dinheiro que eles nunca tiveram. Para mim a mensagem era que quando houvesse dinheiro eu seria feliz (é como uma estória de príncipe encantado, a fórmula da felicidade é encontrar o príncipe, mas a vida real não é assim). Entendo que minha mãe fez o melhor que podia e me educou da melhor maneira que pode dentro do mundo que ela conhecia. Porém, o que eu entendi naquela época é que o grande objetivo da minha vida seria estudar, me formar e ter um bom emprego. Ponto final. 

Então eu me joguei de cabeça nesse objetivo, passei no vestibular, mudei sozinha pra Curitiba, trabalhei e estudei até me formar (nada muito diferente da realidade da milhares de outros estudantes brasileiros). Após me formar obtive meu primeiro emprego, fui crescendo, tendo salários maiores, adquirindo alguns bens, e assim me concentrei por vários anos naquela que seria a garantia da minha felicidade: um bom emprego. 

Mas aos poucos percebi que o bom salário (em dez anos meu salário multiplicou 15X em valores absolutos em relação ao emprego que eu tinha em Palma Sola quando saí de lá pra estudar em 2003), o carro, as roupas, as festas não eram suficientes. Eu me questionava, e ainda me questiono, frequentemente qual o sentido de minha vida, por que eu estava ali trabalhando o dia inteiro (sentia minha vida se esvaindo como areia entre meus dedos), será que a vida seria aquilo? O que iria acontecer comigo em 20 ou 30 anos? Eu iria olhar no espelho e ver que tinha vendido minha juventude por uns poucos reais? - Isso era mais ou menos 2009.  

Um dos momentos mais marcantes foi quando a Luciana compartilhou comigo seu sentimento em relação ao trabalho. Ela falou exatamente o que eu pensava: "sinto que minha juventude está se perdendo dentro de um escritório." Nesse instante percebi que não estava sozinha. 

A partir daí as dúvidas em relação às escolhas que estava fazendo não paravam de aumentar. É claro que o dinheiro, o salário, as viagens, tudo isso me trouxe, e ainda trás, um certo nível de satisfação. Mas tive muito tempo pra refletir, e com o tempo entendi que quando era mais jovem só havia traçado um objetivo de vida: me formar e conseguir um bom emprego. Tinha esquecido de sonhar mais além, de vislumbrar o futuro após a faculdade. Este foi provavelmente meu maior erro, pois fez com que eu vivesse por muito tempo à deriva. 
Se tivesse traçado objetivos a longo prazo teria começado a executá-los assim que meu bom emprego tivesse sido conquistado. Mas tudo bem, a grande beleza de estar vivo é que sempre é tempo de fazer escolhas e traçar novas metas. 

Foi a partir deste momento que comecei a me perguntar repetidamente sem ouvir resposta: "o que eu quero ser? o que quero fazer nesta vida? qual meu papel no mundo?" enfim, passaram muitos anos sem que eu ainda saiba estas respostas. 

De 2009 até o começo de 2013 foi um longo percurso em busca de um sentido de vida, uma razão pra acordar todo dia e ir trabalhar, etc No ínico de 2013 eu estava fazendo coach com uma psicologa e eu sempre dizia a ela que precisava de um trabalho que me desse sentido de vida, um trabalho que fosse algo significativo e importante para alguém. Afinal, já estava com trinta anos e continuava a pensar o que realmente faria a vida valeria a pena. Ter grana e bens materias claramente não me fez ser feliz e esse sentimento de necessidade de um trabalho significativo estava cada vez maior. Porém a psicóloga tentou me dissuadir dessas idéias muitas vezes, me sugeriu ter outra atividades, como cantar ou pintar sei lá. Ela achava que eu devia me dedicar à minha carreira na empresa que eu estava, que teria um futuro brilhante lá e que por meio da empresa eu poderia mudar pros EUA com um bom emprego e casar com o Matt. Mas o destino não queria isso...

Então em abril de 2013 eu tirei férias e fui para a praia de PIPA e algo incrível aconteceu. Conheci uma pessoa que de certa forma foi como encontrar um velho amigo que não via há anos. Ele era o Matt, um inglês que estava viajando pelo mundo há seis meses e que entendia perfeitamente o que eu tinha sentido por anos e anos. Ele foi de alguma forma um meio para eu refletir e reconhecer o que estava alí há tanto tempo e eu não encarava: precisava mudar urgentemente, ir atrás do que eu queria, mandar a coach a PQP e fazer o que meu coração pedia. 
No final dos cinco dias eu tinha conversado tanto, encontrado tantos pontos em comum com Matt, falado de tantas coisas, pensado tanto, decidido até planejar um ano sabático, então chegamos à conclusão de que na verdade ele não existia, mas que na verdade era meu alter ego. Mas o Matt existe sim! Eu mesma vi o Face dele e não me lembro de ter criado este perfil (alguém aí viu Clube da Luta? será que o Matt existiu mesmo??)

Enfim, a idéia era explicar por que o Parachuting Goats existe e já tem até uma mascote chamada Dorotéia. Numa das manhãs em Pipa o Matt me contou que havia sonhado com um monte de cabras saltando de paraquedas. Era uma imagem divertida e nós rimos muito falando delas. Depois que voltei pra Curitiba, toda vez que eu pensava nas conversas e reflexões que havia feito durante as férias, e obviamente no Matt, lembrava da estórias das cabras paraquedistas. 

Isso acabou sendo tão intenso que enquanto eu tomava a decisão de mudar e de me inscrever como voluntária da ONU eu passei a associar a idéia de "chutar o balde pra realizar sonhos" com a idéia de atirar as cabras de paraquedas para fora do avião. 

Então amigos, eis o por que deste nome estranho. Quando algum de vocês estiver sonhando com algo por algum tempo, tapando os ouvidos para o que seu coração lhe pede, tente refletir na frase que está no subtítulo deste blog e atire logo suas cabras pela janela antes que seja tarde demais!

7 comentários:

  1. Bem interessante o texto, eu não tive muita chance de conhece-la Ana Maria, mas uma imagem vale mais do que mil palavras, e palavras falam mais do que muito sentimento. Adorei a história/estória. Vi que você foi pro Haiti também, deve estar aí ainda nesse momento. Vai ser com certeza uma grande experiência. Eu tenho um blog e uma página no Face pra divulgar um livro que estou escrevendo de contos de suspense, espero que dê certo de terminá-lo como eu quero e publicá-lo um dia. As vezes passamos a vida inteira esperando um milagre e esquecemos que nós que temos o poder.

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    1. Oi Alfredo, muito feliz em receber sua mensagem. Na verdade comecei o blog por causa da mudança para o Haiti. Quando seu livro estiver pronto me manda uma amostra, por favor! Adoro ler!

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  2. Ana! A Luciana ali sou eu? Hehe Puxa, ja falávamos disso faz tempo hein? Confesso que ainda estou nesta busca! Cada vez mais sinto mais dificuldade de vender minha juventude por dinheiro sem ter um valor a mais nisso, um valor que preencha meu coração por completo. Mas tenho certeza que vamos chegar la!!! Estamos juntas nessa caminhada!!!!

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    1. Estamos nessa juntas! Adorei falar contigo hoje. beijos

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  3. Ana, de forma diferente cheguei a conclusões parecidas com as suas. E também tive "anjos" ou melhor amigos inspiradores que apareceram no meu caminho. Um deles apareceu também durante umas férias no Chile. Este amigo se chama Stefano e também estava fazendo um ano sabático. Engraçado como as nossas histórias podem ser parecidas em alguns pontos. Este amigo tinha uma história de vida e de família semelhante a minha e o exemplo dele de mudar tudo mexeu essencialmente comigo.
    Sou muito orgulhosa da sua atitude! Um abraço apertado e toda sorte do mundo.
    Maiuly

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    1. To super feliz que você também esteja iniciando sua caminha May!

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  4. Anaaaa estou adorando acompanhar sua aventura.... e esta super legal seu blog parabéns.... ps.. já adicionei ele la na minha lista de blogs favoritos eheheeh e
    super beijos e muito sucesso para você...

    Ju - http://www.jujuinsingapore.com/

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